30 de junho de 2013

Ensaio sobre a cegueira - José Saramago

Você talvez já tenha ouvido falar de José Saramago. Um escritor pós-modernista português, extremamente fantástico em sua maneira de escrever e nos personagens de suas obras. Mas se você realmente ainda não leu "Ensaio sobre a cegueira", corra e procure um exemplar que fará abrir seus olhos!




Autor: José Saramago
País: Portugal
Género: romance
Editora: Companhia das letras
Lançamento: 1995
Páginas: 312










Ensaio sobre a cegueira se passa em uma cidade. Sem nome ou sem qualquer referência de sua localização, podendo se referir a uma cidade pequena, a sua cidade, a minha cidade ou até todas as cidades.

Nesta cidade, uma epidemia repentina se espalha por seus habitantes causando uma cegueira viral. Não é uma cegueira normal, mas um nevoeiro branco diante dos olhos de quem a sofre. Uma cegueira que impede as pessoas de verem tudo ao seu redor.

Os infectados por essa doença são levados a um antigo prédio que servia como manicômio antes de ser desativado. Lá os cegos, não tem contato nenhum com o exterior para não transmitir a epidemia para as pessoas que ainda enxergavam.

José Saramago

Dentre esse doentes há o médico oftalmologista, que por ironia, nada tem a fazer pois é um médico de olhos que não enxerga. A mulher do médico toma uma importante decisão ao ver seu marido sendo levado para ser isolado: Fingir que cegou, ou seja, que pegou a cegueira do marido, sendo que ainda enxergava. Sendo assim, ela é levada junto com os outros cegos para poder ficar junto do marido. Ela acreditava que cegaria logo pois seu contato com o marido foi evidente. Mas ela não cega. É a única não atingida pela epidemia. A única que enverga num mundo de cegos.

Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.
Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
É desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade.

José Saramagos quis mostrar com essa doença chamada de "Cegueira branca" o que somos hoje: cegos para as coisas que nos rodeiam, cegos para aquilo que é realmente importante. Seus personagens não tem nome, mas são chamados por um fato que os caracterizam. Há a rapariga de óculos escuros, o rapazinho estrábico, o primeiro cego, o ajudante de farmácia, o velho da venda preta e assim vai... Segundo o livro, os personagens tem essa característica pois não precisam de nome, estão cegos e a aparência não será contada. A única coisa que os diferencia uns dos outros é a voz.

O medo cega... são palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos.
Alguns irão odiar-te por veres, não creias que a cegueira nos tornou melhores, Também não nos tornou piores.

Outra característica do José Saramago que eu adoro é a forma de escrita de seus livros. Quase sem parágrafos, sem travessões, aspas, itálico... sem nada! o seu texto é completamente direto e apesar de ser um pouco confuso ao ler alguns diálogos, é uma forma bem interessante. Tem um vocabulário super fácil e algumas palavras do português de Portugal que são fáceis de compreender ("sítio", por exemplo, que em nossa língua, significa "lugar")

O livro já foi adaptado para o cinema pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles e foi filmado em São Paulo. O filme é muito bom também, sendo quase idêntico ao livro.

Capa americana do filme
É um livro fantástico, com muitas metáforas e que se aplica a qualquer época da sociedade... ótimo para aqueles que querem deixar de ser cegos...

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